Os oito foragidos da megaoperação que investiga a infiltração do PCC (Primeiro Comando da Capital) em toda a cadeia produtiva do álcool e também do mercado financeiro entraram para a lista vermelha da Interpol. A investigação deflagrada na última quinta-feira (28) apontou que donos de postos de combustíveis foram ameaçados de morte por integrantes da facção.
Cerca de mil postos vinculados ao PCC movimentaram, entre 2020 e 2024, em torno de R$ 52 milhões. Em Mato Grosso do Sul, Dourados e Iguatemi foram alvos da operação. Além de São Paulo, Espírito Santo, Paraná, Mato Grosso, Goiás, Rio de Janeiro e Santa Catarina. Assim, foram apontadas ilegalidades em diversas etapas do processo de importação, produção e distribuição de combustíveis.
Promotores do MP-SP suspeitam que a operação batizada de ‘Carbono Oculto’ tenha sido vazada para os supostos alvos. Isso porque, eles saíram das suas casas durante a madrugada, antes mesmo da chegada da polícia. Entretanto, o tal vazamento não atingiu os endereços considerados mais importantes da investigação.
Agora, após o anúncio dos nomes terem sido encaminhados à Interpol pela Polícia Federal brasileira, eles são considerados foragidos internacionais, ou seja, podem ser localizados pelos policiais dos 196 países que integram.
A difusão vermelha é um banco de dados com nome, foto, nacionalidade, discrição das características físicas e crimes aos quais o foragido responde na Justiça.
Confira a lista dos foragidos:
- Mohamad Hussein Mourad;
- Roberto Augusto Leme da Silva;
- Miriam Favero Lopes;
- Felipe Renan Jacobs;
- Renato Renard Gineste;
- Celso Leite Soares.
Fintech
Fintech atuava como banco paralelo da organização e movimentou sozinha R$ 46 bilhões não rastreáveis no período. Pelo menos 40 fundos de investimentos foram utilizados como estruturas de ocultação de patrimônio.
A Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional também ingressou com ações judiciais cíveis de bloqueio de mais de R$ 1 bilhão em bens dos envolvidos, incluindo imóveis e veículos, para a garantia do crédito tributário.
Estão na mira da investigação vários elos da cadeia de combustíveis controlados pelo crime organizado, desde a importação, produção, distribuição e comercialização ao consumidor final até os elos finais de ocultação e blindagem do patrimônio, via fintechs e fundos de investimentos.
Fraudes
Importadoras atuavam como interpostas pessoas, adquirindo no exterior nafta, hidrocarbonetos e diesel com recursos de formuladoras e distribuidoras vinculadas à organização criminosa. Somente entre 2020 e 2024, foram importados mais de R$ 10 bilhões em combustíveis pelos investigados.
Por sua vez, formuladoras e distribuidoras, além de postos de combustíveis também vinculados à organização, sonegavam reiteradamente tributos em suas operações de venda. A Receita Federal já constituiu créditos tributários federais de um total de mais de R$ 8,67 bilhões em pessoas e empresas integrantes do esquema.
Outra fraude detectada envolvia a adulteração de combustíveis. O metanol, importado supostamente para outros fins, era desviado para uso na fabricação de gasolina adulterada, com sérios prejuízos para os consumidores.
Carbono Oculto
A megaoperação, denominada como ‘Carbono Oculto’, é considerada a maior contra o crime organizado da história do país em termos de cooperação institucional e amplitude.
Mais de 350 foram alvos, entre pessoas físicas e jurídicas suspeitas de crime contra a ordem econômica, adulteração de combustíveis, crimes ambientais, lavagem de dinheiro, fraude fiscal e estelionato.