(Bloomberg) -- Uma paralisação do governo americano teria um impacto em cascata na economia que se aprofundaria com o tempo, com milhões de servidores e prestadoras de serviços sem receber e a piora da confiança do consumidor diante do caos em Washington.

As empresas que prestam serviços ao governo federal, que vão desde a SpaceX de Elon Musk a negócios de limpeza de edifícios públicos, devem ter até US$ 1,9 bilhão por dia de receitas perdidas ou atrasadas se não houver acordo no Congresso dos EUA para custear as despesas a partir de 1º de outubro, quando começa o novo ano fiscal.

Cerca de 1,3 milhão de militares na ativa e outros 2 milhões de servidores federais não receberão remuneração durante a paralisação, mesmo os funcionários essenciais que têm de trabalhar de qualquer maneira. Embora os servidores federais recebam automaticamente os soldos suspensos assim que a paralisação terminar, os terceirizados não contam com essa proteção.

Seria mais um choque em um momento em que juros altos, alta do petróleo e greves já pressionam as ações do índice S&P 500. 

Cada semana de paralisação do governo reduziria o crescimento trimestral anualizado do PIB em 0,2 ponto percentual, segundo estimativa da Bloomberg Economics. E mesmo que parte disso seja recuperado depois, teria um impacto de perda de atividade e incerteza que não seria revertido totalmente.

Um lapso de custeio dos gastos federais de um mês pode aumentar temporariamente a taxa de desemprego para 4% em outubro, desencadeando um dos gatilhos conhecidos para que se configure o início de uma recessão dentro dos critérios oficiais nos EUA, disse a Bloomberg Economics.

“Quanto mais dura uma paralisação, mais ela vai além dos funcionários federais”,  disse Alec Phillips, analista do Goldman Sachs. “Quanto mais tempo dura, o impacto indireto se torna maior.”

Uma série de dados econômicos dos EUA também seriam adiados durante uma paralisação, complicando a capacidade dos investidores de avaliar as consequências. Um lapso prolongado também poderia tornar a próxima decisão do Federal Reserve sobre juros mais complicada.