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UE alerta Rússia para resposta contundente por crise na Ucrânia

Os ministros das Relações Estrangeiros europeus alertaram nesta sexta-feira(14) para uma resposta contundente à Rússia, suspeitando que o recente ataque cibernético contra a Ucrânia possa ser o início de uma ação militar.


Os ministros das Relações Estrangeiros europeus alertaram nesta sexta-feira(14) para uma resposta contundente à Rússia, suspeitando que o recente ataque cibernético contra a Ucrânia possa ser o início de uma ação militar. O cenário é "mais sério do que qualquer coisa que vimos nos últimos anos", disse o ministro das Relações Exteriores da Áustria, Alexander Schallenberg, a jornalistas. Os governos europeus esperam convencer o presidente russo, Vladimir Putin, a abandonar seus planos sobre a Ucrânia, mas começaram a preparar respostas a Moscou. "Temos a vontade de dissuadir a Rússia e uma convergência de análises, uma determinação coletiva de agir e o desejo de fazer a União Europeia (UE) ser ouvida", disse o ministro das Relações Exteriores francês, Jean-Yves Le Drian, durante uma reunião informal de ministros da UE em Brest. Um ministro europeu disse à AFP que "as sanções estão sobre a mesa. A convicção é de que o risco de uma intervenção russa na Ucrânia é real e devemos estar preparados para reagir". "Não devemos levar semanas para chegar a um acordo, como aconteceu com a anexação da Crimeia em 2014", acrescentou essa fonte. Esse funcionário acrescentou que uma discussão adicional está prevista para a reunião oficial de ministros agendada para 24 de janeiro em Bruxelas. - Apoio da UE à Ucrânia - A Rússia concentrou cerca de 100.000 soldados, além de tanques, drones e artilharia nas fronteiras com a Ucrânia. Moscou nega uma possível intervenção militar, mas até agora não conseguiu convencer os países europeus. "Putin é um jogador de xadrez", disse um líder europeu. "É imprevisível, mas [ele sabe] que agora é o momento certo para agir, porque se ele esperar, a Ucrânia ficará mais forte". A Ucrânia sofreu um grande ataque cibernético a sites governamentais nesta sexta-feira, episódio que reforçou as preocupações dos europeus. A chanceler sueca Ann Linde disse que "este é exatamente o tipo de coisa sobre a qual alertamos e o que temíamos". Nesta mesma sexta-feira, o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, disse que a UE está mobilizando "todos os seus recursos" para ajudar a Ucrânia diante deste ataque. De acordo com um alto funcionário dos EUA, a Rússia mobilizou agentes na Ucrânia para realizar uma operação de sabotagem que poderia servir de "pretexto para uma invasão". O governo russo rejeitou essas acusações. De todo modo, os europeus mantêm viva a esperança de um caminho para o diálogo e a diplomacia. A ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, viajará a Moscou na próxima semana para conversas "em todos os níveis". "A diplomacia, especialmente em tempos de crise, caracteriza-se por grande perseverança, muita paciência e nervos de aço", comentou. - Busca por unidade - Enquanto isso, o governo russo não parece muito entusiasmado com a ideia de realizar negociações. "Não vejo nenhuma razão para ir à mesa [de negociações] nos próximos dias, para nos encontrarmos novamente e iniciar as mesmas discussões novamente", disse o vice-chanceler Sergei Riabkov. O alto funcionário referia-se às profundas diferenças observadas durante as conversas que teve em Genebra com um enviado dos EUA e durante uma reunião do Conselho Otan-Rússia em Bruxelas. A Rússia exige que a Otan assuma o compromisso legal e vinculante de não adicionar a Ucrânia e Geórgia, cujas candidaturas foram aceitas pela aliança militar. Além disso, exige que a Otan retire seu pessoal militar dos países que se tornaram membros dessa aliança desde o colapso da União Soviética. Nesse cenário, os europeus querem evitar o que chamam de "novo acordo de Yalta", ou um entendimento entre Moscou e Washington sobre segurança europeia. Assim, a credibilidade europeia está em jogo. Dependentes do gás russo e de suas relações econômicas com a Rússia, os países europeus relutam em seguir cegamente os Estados Unidos no confronto com Moscou. Na reunião em Brest, autoridades europeias elogiaram a coordenação "absolutamente perfeita" com os Estados Unidos. Portanto, a pressão dos EUA por sanções generalizadas divide a UE. "A credibilidade dos europeus depende de sua capacidade de adotar fortes sanções", admitiu o ministro consultado pela AFP. "O que importa é a dissuasão, é ter certeza sobre o que será decidido se a Rússia se envolver em uma nova intervenção na Ucrânia", disse ele. - Cooperação cibernética - A Otan vai assinar um acordo de cooperação cibernética com a Ucrânia após o ataque sofrido nesta sexta-feira, disse Stoltenberg. "Nos próximos dias, a Otan e a Ucrânia assinarão um acordo sobre cooperação cibernética, incluindo o acesso da Ucrânia à plataforma de troca de informações de malware da Otan", disse Stoltenberg em um breve comunicado. "Especialistas cibernéticos da Otan em Bruxelas estão trocando informações com seus colegas ucranianos sobre atividades cibernéticas maliciosas", acrescentou. Vários sites do governo ucraniano foram alvo do ataque, mas segundo autoridades, nenhum dano maior foi causado. A Ucrânia e seus aliados ocidentais acusaram repetidamente a Rússia de perpetrar ataques cibernéticos contra seus sites e infraestrutura, algo que o governo russo nega.