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Com dedicação e perseverança, reeducandas da capital aprendem a customizar calçados

O trabalho é resultado da ampliação da iniciativa que vem sendo desenvolvida no Instituto Penal de Campo Grande (IPCG), há mais de um ano.


Mulheres em situação de prisão estão se aperfeiçoando em técnicas de costura e bordado na oficina implantada no Estabelecimento Penal Feminino “Irmã Irma Zorzi” (EPFIIZ), na capital. Com criatividade e talento, as reeducandas transformam cada alpargata em um calçado exclusivo e personalizado.

O trabalho é resultado da ampliação da iniciativa que vem sendo desenvolvida no Instituto Penal de Campo Grande (IPCG), há mais de um ano.

Com padrões gráficos e cores variadas, os calçados do tipo alpargatas aliam bom gosto e conforto, e também representam uma oportunidade de remir pena e conquistar remuneração aos 17 custodiados.

 

As alpargatas são customizadas por 17 reeducandos do IPCG e EPFIIZ, na capital.

Somente no presídio feminino, seis mulheres se dedicam 6h por dia para caprichar nas peças e entregar um produto de qualidade. “Realizamos um treinamento de duas semanas com as reeducandas, toda a produção é com base em encomendas, entregamos o modelo e todo o material necessário para a confecção”, explica a empresária Ana Mattos.

A reeducanda Ana encontrou no bordado uma terapia e uma chance de ocupar a mente

 

Implantada há cerca de três meses, a nova oficina tem garantido opção de trabalho e renda às mulheres. É o que garante a interna Ana Aparecida Sales, 62 anos, que está presa há 9 meses e enxerga na ocupação uma terapia.

“Nunca me imaginei costurando, mas gostei bastante e enxergo como uma oportunidade de trabalho lá fora. Isso ocupa a nossa mente, é muito importante e nos traz um alívio do cárcere”, desabafa a interna.

Com uma produção média de 2 a 4 pares de alpargatas em ambos presídios, a empresária comemora e garante que a experiência com a mão de obra carcerária tem sido gratificante. “O acabamento deles é ótimo, são muito interessados, aplicados, é muito positivo tudo isso, estou realmente bastante encantada”, destaca Ana Mattos, dona da empresa Divino Santo.

A ocupação da mão de obra carcerária é coordenada pela Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen), por meio da Divisão de Trabalho Prisional. Para esta oportunidade, foi firmada parceria com a empresa Divino Santo, que representa uma das 186 empresas conveniadas que ofertam trabalho a reeducandos em Mato Grosso do Sul.

O trabalho consiste na customização minuciosa de alpargatas com pedrarias, lantejoulas e bordados. A partir de modelos impressos, as peças vão se transformando de simples alpargatas em belas peças personalizadas, em diferentes formatos, cores e desenhos.

Marta leva experiência e aprendizado em cada oportunidade de trabalho

 

Presa há oito anos, a interna Marta da Silva Matos também atua na oficina e garante que tudo que faz leva como aprendizado. “Aprendi a costurar aqui, para mim o trabalho é importante porque faz a gente enxergar que não precisamos voltar a delinquir, que existe um futuro melhor lá fora; quando eu sair daqui vou levar bastante experiência”, revela a interna que sonha em abrir seu próprio salão de beleza quando conquistar a liberdade.

Além dos reeducandos, a empresa também conta com duas pessoas externas. “Esse projeto nos traz uma grande satisfação em ver a nossa marca sendo conhecida no Brasil inteiro e quando comentamos sobre o projeto, as pessoas têm um encantamento e isso agrega muito, e cada vez mais, a qualidade do produto está se firmando e com uma excelência maravilhosa. Nossa intenção é contratar novos trabalhadores para o próximo ano”, afirma Ana que também é decoradora e formada em Moda.

O trabalho tem dado tão certo, que um interno do IPCG foi contratado como supervisor para monitorar toda a produção, o acabamento das peças, de forma a evitar o desperdício.

Além da remuneração, os reeducandos recebem remição de um dia na pena a cada três trabalhados, conforme estabelecido na Lei de Execução Penal.