Política

Argentinos protestam contra governo em meio à quarentena por COVID-19

Uma multidão se reuniu no Obelisco de Buenos Aires, atendendo a uma convocação feita pelas redes sociais em defesa das "liberdades individuais", uma mobilização que foi repetida em diferentes cidades do país em pleno feriado da Independência.


Vários protestos contra o governo de Alberto Fernández foram realizados nesta quinta-feira (9) em meio à prolongada quarentena na Argentina, logo após o presidente do país ter pedido união para enfrentar a COVID-19. 

Uma multidão se reuniu no Obelisco de Buenos Aires, atendendo a uma convocação feita pelas redes sociais em defesa das "liberdades individuais", uma mobilização que foi repetida em diferentes cidades do país em pleno feriado da Independência.

"Não se pode parar a justiça não pode ser parada. Isso é o pior, paralisar um dos poderes mais importantes. Nem podemos deixar de trabalhar, a saúde importa, mas também a economia. Um não fica sem o outro. O Estado não está lá para nos deixar paralisados, não é assim que ele cuida de nós ", disse à AFP José Carlos Vélez, 49 anos, que participou dos protestos  no centro da capital argentina. 

Entre buzinaços e exibindo bandeiras do país, os participantes do movimento, muitos sem máscaras, apresentaram uma ampla gama de reivindicações. 

"Para mim, o combate à doença é mal administrado desde o início. Como ficaremos presos por 110 dias? Temos 1.500 mortos e não é tanto. Quantos mortos temos por outras doenças? Não somos ricos, temos que trabalhar", lamentou Rubén Aguirre, um taxista de 51 anos. 

O presidente Fernández repete que, com o isolamento social obrigatório, em vigor desde 20 de março, "vidas foram salvas" na Argentina, pois deu tempo para melhorar a infraestrutura e até agora era possível evitar o colapso do sistema de saúde. 

Ele também insiste que o que afeta a economia é a pandemia, além da quarentena, o que vai levar a Argentina registrar um queda de  quase 10% em 2020. 

Nos protestos, a vice-presidente Cristina Kirchner, que também governou o país entre 2007 e 2015,  e até a campanha para a legalização do aborto foram alvos das reclamações. 

"Temos uma senadora, vice-presidente, ladra, assassina", disse à AFP uma mulher de 67 anos que não quis revelar seu nome. 

"Não ao abuso", "Nova normalidade = miséria", eram frase escritas em faixas e cartazes. 

Na semana passada, Angel Spotorno, um aposentado de 75 anos que organizou e participou de marchas "antiquarentena", morreu de coronavírus e disse que "os comunistas não precisavam voltar", declarou um membro da família à imprensa. 

A Argentina registra 87.017 casos da COVID-19 e 1.707 mortes, em um país de 44 milhões de habitantes.