O Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) 2025 está se aproximando! Este sábado (2) marca a distância de 100 dias para o primeiro dia de prova, previsto para 9 de novembro, com aplicação das questões de linguagens e humanas, além de redação dissertativa-argumentativa.
Neste ano, o Enem conta com mais de 4,8 milhões de inscrições confirmadas, número superior em relação ao ano passado, que teve cerca de 4,3 milhões de candidatos. Em Mato Grosso do Sul, são quase 58 mil confirmados, sendo 24.385 apenas de Campo Grande.
O Enem é uma das principais portas de entrada para o ensino superior no país e, por isso, a rotina de estudos já começou no início do ano. Mas dá tempo para traçar uma rotina de estudos para estes cem dias até o exame? O Jornal Midiamax consultou especialistas para traçar estratégias de preparação. Então, se você vai realizar a prova em novembro e quer chegar ainda mais preparado, confira as dicas a seguir.
Conheça o Enem
O professor Rafael Pardal, que ministra aulas e cursos de física e matemática, aponta que o foco da preparação nesse segundo semestre deve ser conhecer a prova do Enem. Ele explica que fazer provas de anos anteriores é essencial para entender o modelo da avaliação.
“O ideal é começar a ter uma rotina de estudos na qual o aluno começa a revisar os conteúdos que mais caem, refazer provas antigas para poder pegar um modelo de aplicação e entender que a prova do Enem é uma prova do cotidiano”, afirma.
Pardal também ressalta que o Enem costuma utilizar fenômenos do dia a dia contextualizados com a teoria, sobretudo nas áreas de ciências da natureza e matemática.
“Sugiro que nesse segundo semestre [o candidato] se aproxime um pouco mais das provas, incluindo a resolução dessas provas antigas, para que você possa se familiarizar com o tipo de exame. É uma prova cansativa, com 90 questões no domingo e mais 90 no outro”, completa.
Conteúdos e preparação mental
Pardal conta ainda que o Enem tende a repetir alguns conteúdos na área de física e matemática, principalmente os mais fáceis de aplicar em situações do cotidiano.
“Na física, o Enem gosta muito de ondulatória, eletrodinâmica, resistores, potência elétrica, consumo de energia… Fenômenos ondulatórios também, porque o Enem é uma prova do dia a dia, então ondas são uma parte muito fácil de contextualizar, tem uma aplicação no cotidiano muito grande. Esses são conteúdos da física que têm uma relevância importante e que vêm caindo nas provas nos últimos anos”.
O docente também lembra que costumam aparecer algumas ‘figurinhas carimbadas’ na prova de matemática. Assuntos como funções, estatística descritiva e geometria espacial devem “estar na ponta da língua” dos estudantes que vão prestar o Enem.
“São conteúdos que devem ser revisados com bastante intensidade, porque com certeza vão aparecer algumas questões lá”, afirma.
Além disso, outro ponto muito importante na preparação é a parte mental, que será muito exigida nos dias da prova, já que as 90 questões (além da redação aplicada no primeiro dia do Enem) a cada dia de prova provocam exaustão nos candidatos. Por isso, Pardal recomenda fazer atividades leves, principalmente no dia anterior à prova.
“A preparação mental, a respiração, o controle emocional, contam muito na hora da prova, então tentarem nas vésperas da prova, nos sábados anteriores, fazer programas tranquilos, fazer algo que te deixa leve, como ir ao cinema, ler um bom livro, um passeio no parque”, recomenda o professor.
Redação também é importante
Além das 180 questões objetivas da prova, o Enem conta a redação dissertativa-argumentativa, que costuma ter um peso grande na nota final dos estudantes. A professora de redação Bruna Lucianer explica que o foco da preparação final deve ser na estrutura da redação do Enem.
“É melhor focar na estrutura, saber escrever bem uma introdução, desenvolvimento, conclusão. Acho que isso garante uma nota boa por si só. A maioria das pessoas valoriza demais questões como repertório, e repertório vale 80 pontos de mil na redação. Ele é importante, relevante, mas não é imprescindível”, conta Bruna.
Ela também diz que, ainda que seja impossível prever exatamente qual será o tema da redação de 2025, há como se preparar para o tipo de assunto que pode ser cobrado.
“O tema do Enem é sempre um problema de ordem social, econômica, política, cultural. Enfim, algo que envolva a sociedade. Então, [é importante] estar atento a tudo que envolve desigualdade social, garantia de direito, igualdade de gênero, igualdade de direitos em geral, entre os mais variados grupos de pessoas, os mais variados grupos sociais”, completa.
Porém, Bruna alerta para alguns grupos sociais que não aparecem como tema do Enem há tempos, como crianças e idosos, e, por isso, podem ser candidatos a protagonizar o exame neste ano. Além disso, tecnologia e meio ambiente — sobretudo pela COP30 que ocorre no Brasil em 2025 — também têm chances de aparecer na prova.
E um ponto imprescindível para a professora é que os alunos mantenham o treino constante e exercitem a escrita, além de contar com a correção de um professor. “Se o aluno mantiver os estudos da redação só no campo teórico, ou nem isso, ele vai ter dificuldade na hora da prova”, conta.
“Minha sugestão é contar com a correção de um professor, seja da escola, cursinho, alguém na internet que faça esse serviço. Já existem plataformas na internet, também, e o próprio ChatGPT, que corrige redações, mas essa correção virtual ainda está muito longe de ser o ideal”, afirma.
Agora é pra valer
Estudante do 3º ano do ensino médio, Maria Eduarda Rizzoli contou ao Jornal Midiamax que mantém uma rotina voltada ao Enem, que deve se intensificar ainda mais nos próximos dias. A jovem de 17 anos já realizou a prova como treineira em 2024 e 2023, e por isso, já conhece um pouco do modelo utilizado.
“Em ambos os anos, o primeiro dia sempre é mais tranquilo para mim, enquanto o segundo é ‘uma pedra no sapato’. Mas sinto que as experiências me preparam para que em novembro eu não sinta um impacto tão forte”, conta.
Maria Eduarda dedica cerca de três horas, de segunda a sexta, para estudar diversos conteúdos, além das aulas que já tem na escola e do curso de redação que participa. Aos sábados, dedica o tempo para fazer revisões e redações, e diz que pretende, a partir de agora, usar os domingos para realizar simulados e provas antigas.
Já em relação ao seu método de estudo, Maria diz que sempre vem procurando diferentes jeitos de estudar. “O que mais funciona comigo, normalmente, é usar ‘flashcards’ para revisões rápidas e resolver questões. Mas não basta somente resolver questões, mas também saber corrigi-las, identificando se foi alguma lacuna na matéria, falta de interpretação ou que eu realmente não sabia”, relata.
A jovem também afirma que foca em resolver questões antigas, e uma coisa que a ajuda a lembrar de alguns conteúdos são ‘macetes’, principalmente para fórmulas. No entanto, Maria já diz sentir ansiedade para a prova e reforça a importância de equilibrar os estudos com outras atividades.
“Venho sentindo muita ansiedade, principalmente agora na reta final. Sinceramente, minha ficha ainda não caiu de que agora vai ser para valer. Sei que é normal esse sentimento e pretendo fazer o que for possível para conseguir equilibrar a saúde mental e os estudos. Sem um, o outro sozinho não se sustenta”, finaliza.